Estamos cravados em olhares
rasos, sorrisos paralelos e dialetos engraçados.
Você não consegue me encontrar em
lugar algum, e isso te irrita.
Você me vê, mas não me enxerga. Normal,
eu diria. Mas continua a te deixar furioso, suponho.
As pessoas precisam expressar sua
insatisfação diante as incógnitas que as aborrecem, eu até entendo. Imagino eu,
o quão desgostoso é, não receber as famosas simpatias do dia-a-dia, àquele
papinho seboso, que segundo vocês, é uma
ferramenta de “aproximação”, pra mim, é mais uma daquelas partes que você
poderia pular, passar pra frente, ignorar. Mas ainda assim, consideram vitais,
na fantástica arte da convivência!
Não confundam a fraudulência da
simpatia, com educação. Responder, agradecer, blá blá, eu até suporto. Mas
àquela piada seguida daquelas risadinhas, ou àqueles comentários sem manejo ou
importância, ditas só pra quebrarem o silencio, por favor, dessas eu fujo. Eu não
entendo direito qual o problema de vocês com o silêncio, sinceramente. É tão
mais prazeroso não ouvir nada, do que ouvir qualquer porcaria.
Não me venham com sofismas, sobre
o que ser ou como ser, pois se vai faze-lo,
tenha argumentos consistentes capazes de sustentar o que realmente pensa. E sinceramente,
conceitos do que seja ideal, pra mim são extremamente dispensáveis, ora que
vivemos uma vida de acasos relativos.
O que incomoda não é a tentativa falha de me induzir a
algo, é a leitura mal feita sobre mim,
sobre o mundo e as coisas. Que me leva a refletir e temer a minha possível inadaptação
com a maioria das coisas e pessoas. E veja só,
não é questão de certo ou errado, a questão é a óptica singular das
coisas. Eu consigo te ver, e você não consegue me ver. Logo, você se precipita,
obviamente, sempre se precipitam, e a dinâmica toda flui, para que eu seja
colocada num papel que não me cabe, para que na sua cabeça caiba alguma noção
do que eu seja, ou do que você quer que eu seja, até mesmo para que possa
acrescentar o que eu não deveria ser a partir de suas nomeações. O que é
engraçado, vez, que minha percepção é mais aguçada, logo, eu pareço a esquisita
e você o normal. E cabe a mim, cuspir algumas coisas vez ou outra, e na maioria
das vezes, só terminar meu refrigerante enquanto eu reviro os olhos, expressando
a minha profunda cólera por ter que te ouvir. O que só reafirma, você é normal
e eu sou esquisita.
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