segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pequenos versos.

Aqui corre sangue de poeta
que não escreve, mas sonha
e bebe com sofreguidão os olhos
e o silêncio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mesas e Cóleras

Estamos cravados em olhares rasos, sorrisos paralelos e dialetos engraçados.
Você não consegue me encontrar em lugar algum, e isso te irrita.
Você me vê, mas não me enxerga. Normal, eu diria. Mas continua a te deixar furioso, suponho.
As pessoas precisam expressar sua insatisfação diante as incógnitas que as aborrecem, eu até entendo. Imagino eu, o quão desgostoso é, não receber as famosas simpatias do dia-a-dia, àquele papinho seboso,  que segundo vocês, é uma ferramenta de “aproximação”, pra mim, é mais uma daquelas partes que você poderia pular, passar pra frente, ignorar. Mas ainda assim, consideram vitais, na fantástica arte da convivência!
Não confundam a fraudulência da simpatia, com educação. Responder, agradecer, blá blá, eu até suporto. Mas àquela piada seguida daquelas risadinhas, ou àqueles comentários sem manejo ou importância, ditas só pra quebrarem o silencio, por favor, dessas eu fujo. Eu não entendo direito qual o problema de vocês com o silêncio, sinceramente. É tão mais prazeroso não ouvir nada, do que ouvir qualquer porcaria.
Não me venham com sofismas, sobre o que ser ou como ser,  pois se vai faze-lo, tenha argumentos consistentes capazes de sustentar o que realmente pensa. E sinceramente, conceitos do que seja ideal, pra mim são extremamente dispensáveis, ora que vivemos uma vida de acasos relativos.
O que incomoda não é a tentativa falha de me induzir a algo, é a  leitura mal feita sobre mim, sobre o mundo e as coisas. Que me leva a refletir e temer a minha possível inadaptação com a maioria das coisas e pessoas. E veja só,  não é questão de certo ou errado, a questão é a óptica singular das coisas. Eu consigo te ver, e você não consegue me ver. Logo, você se precipita, obviamente, sempre se precipitam, e a dinâmica toda flui, para que eu seja colocada num papel que não me cabe, para que na sua cabeça caiba alguma noção do que eu seja, ou do que você quer que eu seja, até mesmo para que possa acrescentar o que eu não deveria ser a partir de suas nomeações. O que é engraçado, vez, que minha percepção é mais aguçada, logo, eu pareço a esquisita e você o normal. E cabe a mim, cuspir algumas coisas vez ou outra, e na maioria das vezes, só terminar meu refrigerante enquanto eu reviro os olhos, expressando a minha profunda cólera por ter que te ouvir. O que só reafirma, você é normal e eu sou esquisita.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Manhãs Enlatadas.

Tá se revirando na cama, cheia de gases. Não dormiu essa menina. Tava trepando com o travesseiro, e depois quis navegar na depressãozinha diária, assistindo um filme blasé semelhante ao vazio que dá existência a vida medíocre dela. Coitada! Que mane coitada? Ela tem força escondida que renderia belos golpes, como swing em marmanjos cheio de segurança e verdade. Mas por deus, por que ela faria isso?
Levanta, vai até o banheiro, queria evitar olhar no espelho, mas a tentação é forte demais. POXA VIDA! É sempre interessante, saber que a imagem ta cada dia pior, surpreendente ou deprimente, ou sei lá, na verdade tanto faz.
Imaginou pão, café quente, uvas e desenho na tv. Mas tinha apenas uma cama cheirando a xoxota, papel e palavras.  
Ta mendigando textos, ta mendigando vida, ta mendigando qualquer coisa que a tire dessa merda. Não é muito comovente, é entediante. Mas o que se pode fazer ? Essa garota ta sempre cansada, entende?
“O século XXI é uma grande piada”, pensou enquanto coçava a bunda. Mas convenhamos, tecnologias, tecnologias, tecnologias, ah pombas! Isso não me rende nada. Economizamos tempo, e ele se esvai mais depressa, estão fazendo tudo errado, tudinho.
Ciência, Mcdonald, matemática, facebook, psicologias. Digo, estamos na era da acessibilidade. Eu twittei agora a pouco, sobre falácias dos ouvidos e famílias pobres dessa geração, a qual eu também to instalada, céus! Mas pensem,  usufruímos dos resquícios de refúgios que já não nos abrigam mais, pois estão cheios, cheios de um grande nada, que te consome. Você sempre acaba enlatado, acredite.
A menina, eu,  estamos toda vida na terceira do plural, eu acho, ela acha. Sabe?
Essa lavagem escrita, é como comer picadinho no almoço, um pouco de tudo, não sabe-se bem o que ta comendo, o que quer comer, o que ta falando, o que quer dizer. Ta sem sem nexo e faltando vírgulas, um pouco de pimenta, e tudo acaba bem. No final você ta satisfeito com o que tem. E por mais que eu tente fugir das rimas, elas me surgem, é um inferno, você caga fazendo rima, é esquisito.
Não esquenta, o ciclo de hoje vai ser o de sempre, mentir-culpa-comida-chorar-culpa. É assim, tem jeito, mas não quero.
To naquele êxtase de que poderia fazer qualquer coisa agora, mas um banho me falta. Maldita mania! Vocês deviam experimentar ao menos uma vez na vida, a arte dos picos, é assustador, mas você se sente poderoso mesmo atolado no fracasso.
Olha, a garota não dormiu e não vai, e poderia tirar uma espada do guarda-roupa e proclamar liberdade “ESTA ABOLIDA A ROTINA QUE MATA”, e vocês seriam felizes e talvez eu também.
Tudo faz sentido, quando sua vizinha, aquela que mora na mansão de oitocentos mil reais, com piscina, dois filhos e um cachorro poodle, com um belo marido e um jardim ainda mais bonito, esta aos berros “MEUS DEUS! MEUS DEUS! O QUE EU FIZ PRA MERECER?”. Minha senhora, se tu com essa casa, esse carro e teu café quente não sabe, eu é que não vou saber. E as coisas findam assim, seja rico, seja pobre, os problemas sempre vêm. E pra que eu não seja eternamente enlatada com a sardinha pessimista, fica aqui a mensagem mais positiva de uma moribunda: não importa, tu tens sempre a chance, a escolha e a mudança. Faça!  

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sapos e rotina!

Hoje é mais um daqueles dias em que você acorda sem humor, sorrisos ou inspiração. Foi tudo sugado na noite anterior, por lobas imperiosas.
Você respira, conta até dez,cem,mil; pra resistir a tentação de não vomitar os sapos guardados há três,quatro, cinco anos.
Se você para pra pensar, isso se torna perigoso, eu fabricando um câncer, na esperança de agir de boa fé ou ao menos amenizar o que já é um atrito, um campo minado por natureza.
Tens a língua afiada, pronta para metralhar qualquer coisa, esteja ela eficientemente boa e preparada, esteja ela já morta e soterrada. Destila o amargor que trás no teu coração em tudo.
O meu único erro é persistir nas minhas próprias acomodações, e continuar nessa lama, nesse círculo que só me faz mal, mas que no fim das contas me rende um 6,0, e é a única coisa que ando precisando no momento.
Sapos engolidos, sapos refletidos, sapos guardados, sapos já em digestão, sapos ainda frescos, sapos prontos para saírem. A arte de engoli-los eu aprendi cedo, e esse foi o meu mau. Só cuidado,  quando eu começar a cuspi-los. Darei sapos ao mundo, porque é do mundo que vem os malditos sapos, que geram a ordinária gastrite ou a infeliz  úlcera. 

Obs: Esse texto poderia ser resumido em um simples: “Vá se danar!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ancorada no vão de suas memórias

Virou-se na cama, finalmente havia gozado. Uma cor estranha dessa vez. Não acreditava ao que se submetia para preencher o vazio. Ria, chorava, oscilava. Imensuráveis sentimentos e sensações invadindo-lhe a calcinha molhada, o coração deserto, e finalmente, ao cérebro torto.
Pensamentos automáticos que a mandavam direto para o abismo. Tentou não cair, se firmando em uma prosa da madrugada, que possuía notas de amor (as quais a incomodavam), e sobre outras coisas que não entendia bem. Procurava se afirmar num plano sem fundo, e os planos iam falhando a medida em que se inclinava para o vão das próprias memórias. Sobrecarregou de si mesma. 
Estava irritada, por saber que não sabia quem era, e o que sabia não era aceito, nem por ela, nem pelos os outros. Mas era o máximo de solidez que conseguia estabelecer para se manter viva. E era por isso que, coberta de sujeira, não dava pra se lavar, não por agora, não sabia ser outra coisa. 
Sufocou-se novamente. Então deu uma sacudida no cabelo, ajeitou o travesseiro por debaixo da barriga. Botou Humberto no rádio, desconcertante se via presente nas canções de solidão. Chorou. O verbo se fazia carne, só histórias ouvidas, nunca contadas! Levantou a cabeça para cima e perguntou "Por que meu Deus?", e se lembrou, que estava tão sozinha, que até deus, ela o matou. 
Embriagada pelo sono, tentou refletir sobre a tirania de sua mente perturbada, e o máximo que conseguiu fazer, foi dormir.
Espera-se um final, um norteio, uma continuação. Mas corações histéricos, não conseguem se desancorar do vão, das coisas, do vazio! Então encerra-se, sabendo que acordará no outro dia, para  viver, sobreviver e dormir outra vez.

domingo, 27 de maio de 2012

Bem-vindo Centauro!

Tem vivido preso em becos sombrios nas montanhas, agarrado a solidão, preso dentro de si mesmo. Atormentado por incertezas e medos. Corre para esquecê-los, muitas vezes sem direção. Desatinado, sem ponto de chegada, outrora se esquece do ponto de partida. Uma busca incansável de si, dos outros, da verdade. Preso na própria corrida.
Tolo com um nobre coração, seu esforço desmedido para enxergar acaba o cegando.
Precisa organizar sua mente congestionada, nortear seu foco desfocado, abrir frestas em seu labirinto sem saída. Resgatar sua força, sua esperança, sua vitalidade. Desvirar a versão que ele próprio inverteu de sua imagem.
Deixar sua alma ser liberta, para que possa correr de verdade. Que possa transformar sua existência em vida, e que finalmente ande pelas estradas de Tessália, colhendo seus cogumelos, assoviando canções puras, escrevendo poesias e por fim convertendo seus medos em amor.

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Estive há muito tempo fugindo do chamado, mas me rendi. Não dá pra se esquivar dos amores verdadeiros, das paixões deliberadas e nem do que te proporciona sonhos. Fingir é fácil, mas te seca o coração. E é dolorido ter a alma presa, quando todo seu corpo e mente clamam por liberdade. Então, vou quebrar cada corrente que vem me secando, que vem me prendendo, e irei encontrar a plenitude por meio das prosas, contos e poemas. Vou finalmente corresponder ao meu amor verdadeiro. Então fico grata, de poder e saber que serei feliz escrevendo. Um cogumelo ao Centauro, e uma caneta à mim, e que comece nossa trajetória.
Dedico esse texto à todos que me incentivaram a construir/sair do caos escrevendo. E principalmente, ao Peter que desenhou com muito carinho para o blog e Arianne que me ajudou a personalizá-lo. Chá de cogumelo a todos vocês.